Nome: Valceli Correa de Souza (Val)
Data de Nascimento: 03/04/1948
Local: Campo Grande MS
Função: Operador de Audio
Sua caminhada na Profissão:
Começei a carreira em novembro de 1963,
na Rádio Cultura de Campo Grande (MS). Em 1966, fui para a TV Morena, também de
Campo Grande, exercendo o cargo de sonoplasta. Em 1972, deixei a profissão para
trabalhar com vendas. Vendi carnês, planos de aposentadoria, calçados, cerâmicas, e
até enciclopédias e por último, doces, época em que viajei o Mato Grosso do Sul
vendendo esses produtos no comércio. Foram seis anos enfrentando estradas de chão
dirigindo kombis e caminhões. Foi um tempo muito bom, época em que aprendi muito. Em
março de 1978 vim para o Rio de Janeiro “com a cara e a coragem”. Distribuí
currículos pelas emissoras do Rio e Niterói, e em junho daquele ano, fui chamado
para a Rádio Federal pelo então gerente Luiz Carlos Paiva, que me deu o primeiro
emprego no rádio no Rio de Janeiro. A Rádio Federal mais tarde virou Rádio
Manchete AM. Em 1981, o Luiz Marques, técnico de manutenção que ainda está em
atividade me indicou para a Rádio Jornal do Brasil, fato que mudou minha vida.
Graças ao Luiz Marques, fui trabalhar na Rádio JB, sonho de todo operador naquela
época. Naquele mesmo ano, por iniciativa de Clever Pereira, passei para a Rádio
Cidade FM, no cargo de Supervisor de Operações. Em 1987, deixei a Rádio Cidade e fui
para a Rádio Panorama de Nilópois, e seis meses depois, voltei para a Rádio
Manchete. Em 1989, fui para a Rádio Globo, mas continuei na Manchete também. Em
1991, voltei para Mato Grosso do Sul. Indicado pelo Paisinho, fui trabalhar com o
jornalista Armando Amorim Anache, que foi repórter da Rádio Globo Rio. Na Rádio
Clube de Corumbá, fui supervisor de Operações e Assessor de seu pai, o deputado
Armando Anache. Foi uma experiência boa, pois além de trabalhar na rádio, eu
acompanhei a montagem do Trio Elétrico do deputado, e pelo qual fui o operador
responsável. Foram três anos e meio de viagens pelo pantanal sulmatogrossense, em
memoráveis campanhas políticas da família Anache. Em 1995, voltei ao Rio, e à Rádio
Globo, onde me encontro até hoje.
Curiosidades, causos...:
Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, cidade em que nasci, a Rádio Educação Rural abria aos domingos as 7 da manhã,
tocando o Hino Nacional. Meu pai estava sempre em casa aos domingos. Ele fazia o
nosso café, ligava o rádio e nos colocava para ouvir o Hino! Eu sempre digo que foi
minha mãe a responsável pela minha escolha profissional. Meu pai, todo fim de mês,
quando recebia seu salário, comprava uma pilha para o rádio dela. E não era uma
pilha comum. Era grande, do tamanho de uma barra de gelo. Acho que era da marca
Eveready, a Pilha do Gato! Essa pilha alimentava um rádio Semp, de quatro faixas de
onda. Minha mãe escutava, pelas ondas curtas as rádios Anhanguera e Brasil Central
de Goiânia, Guaíba de Porto Alegre, Globo, Jornal do Brasil e Tupi do Rio,
Bandeirantes e Record de São Paulo entre outras, além das emissoras locais. Assim,
de 1957 a 1963, eu ouvi rádio. E de 1963 em diante eu vivo no rádio! Nesse ano,
começei na Rádio Cultura de Campo Grande, MS, como sonotécnico. Não existia o
operador de áudio. Imagine a alegria de trabalhar com aqueles profissionais que você
admirava. Eles eram, como os artistas, meus ídolos. Nessa época a televisão ainda
não havia chegado ali, por isso o rádio dominava o cenário. A ZYX4, Rádio Cultura de
Campo Grande liderava com folga, porque tinha uma grande equipe. Era um veículo
completo para os padrões da época. Tinha jornalismo, esporte e entretenimento.
Lembro de nomes como Kamya Júnior, Rádio Maia, Ramão Achucarro, Adelino Praieiro,
Juca Ganço, Doralice Vargas e outros, comandados por Nasrala Siufi, o popular
Nassura. Ele era também o sertanejo Compadre Tapera e o Rei Momo da cidade.
Aqui vão algumas curiosidades: Naquela época, em Campo Grande, que ainda não era a
capital do estado, as emissoras saíam do ar as 10 da noite e voltavam as 6 da manhã.
Nas sextas, sábados e domingos ficavam até à meia noite. Nos Dias Santos como
Finados, Sexta-Feira Santa, Natal etc., a programação era especial. com música
classica e popular com Ray Conniff, Billy Vaughn, Mantovani e outros. E nós eramos
considerados marginais por alguns, porque o radialismo não era profissão. E se algum
companheiro pisasse na bola, então aí sim encontravam motivo para nos malhar!
Enfim, muitas são as curiosidades. Numa outra ocasião, quem sabe, conto mais.
Sonhos, gostos pessoais...:
Os sonhos que sonhamos quando estamos dormindo vêem e
vão. Nem sempre conseguimos decifrá-los! Mas os sonhos que sonhamos quando estamos
acordados são os que movem nossa existência. Redundância? Não! São estes que nos
fazem lutar por objetivos e coisas que imaginamos e quase sempre alcançamos e
realizamos. Então, transforme esses sonhos em metas. Nesse contexto, o grande sonho
era trabalhar numa rádio grande, numa grande cidade! Graças a Deus, estive em todas
as grandes emissoras do Rio de Janeiro. Em oito de março de 1978, cheguei aqui com a
cara e a coragem. Três meses depois fui chamado por Luiz Carlos Paiva, gerente da
Rádio Federal de Niterói, que mais tarde virou Manchete. Foi uma época de muita
espectativa e esperança de recomeçar a vida, até porque eu estava fora da profissão
desde 1972. Com a ajuda de colegas como os operadores Aritana e Altamir, as coisas
clarearam e eu consegui me fixar. Ali eu era o operador folgador e operador de
gravações. Essa foi a primeira meta alcançada. Em 1981, precisava ampliar meus
horizontes (e a conta bancária), pois eu tinha duas filhas para criar. Foi quando o
Luiz Marques, técnico de manutenção de transmissores me indicou para a Rádio Jornal
do Brasil. Trabalhar lá era uma meta a ser alcançada. Me lembro que o Eduardo
Andrews, que na época era coordenador da Manchete me falou: “Agora você é um
operador!”. A Rádio JB era uma emissora ímpar! Lá, tive a honra de ser comandado
por Elmo Rocha que era o chefe de operadores. Em 1982, passei para a Rádio Cidade
FM, por iniciativa de Clever Pereira, que era o coordenador. Fui promovido a
Supervisor de Operações, função que não havia no Sistema de Rádio Jornal do Brasil.
Assim, tive o privilégio de ser o primeiro “Supop” de lá. Profissionalmente,
contou muito pra mim. Não dá para definir o que foi a Rádio Cidade. Só a história
pode explicar a importância do trabalho dos profissionais que, capitaniados por
Clever Pereira e Carlos Townsend, fizeram a revolução do rádio FM. Um abraço para o
Fernando Mansur, Jaguar, Marco Antonio, Mário Lúcio, Luciano Durso, Cacá, Francisco
Barbosa, Sérgio Luiz, Eládio Sandoval, Romilson Luiz, Ivan Romero, Paulo Roberto,
Marquinhos, Celso, Jájá, Beto Carvalho e outros cujos nomes agora me faltam lembrar.
E assim, outra meta foi alcançada. E trabalhar no Sistema Globo então, parecia
impossível. Vim para cá em 1989, saí em 1991 quando voltei a Mato Grosso do Sul,
onde fiquei até 1995, quando voltei à Rádio Globo onde me encontro até hoje. Graças
a Deus, profissionalmente, realizei meus sonhos e ultrapassei etapas. Ainda faltam
transpor algumas. Devagar e sempre.
Gosto de música, futebol, cinema e curtir minha família. Tenho uma espôsa maravilhosa. Sem minha
companheira Andrelina, eu não teria ultrapassado nenhuma meta citada aí em cima, com
certeza. Temos duas filhas maravilhosas. A mais velha, Beatriz, casada à sete anos,
me deu dois netos: a Natália e o Gustavo. E a mais nova, Márcia, casada à dois anos,
ainda não tem filhos. Então eu digo sempre que chegando onde cheguei, ultrapassando
todas essas metas, só tenho que agradecer a Deus por tudo.
E para a garotada que
está entrando na profissão agora, apenas um conselho: Sejam radialistas, não apenas
estejam radialistas. Porque? Porque é uma profissão maravilhosa. Mas tem de gostar de
rádio.
Em qual outro ramo de trabalho você vai encontrar tudo isso: “Música,
Esporte, Notícia?”.
E onde você vai ouvir tantas histórias engraçadas? Só aqui no rádio, meu amigo!.